Fortaleza, 15 de outubro de 2019, 10h20, na área nobre da capital vinha abaixo o residencial de 7 andares conhecido como Edifício Andrea.

O Sargento Matos e o Tenente Charles, policiais militares que participavam, providencialmente, do II Curso de Resgate realizado pelo Corpo de Bombeiros Militar do Ceará, tomaram conhecimento do fato através de um telejornal, sendo logo em seguida, acionados para se apresentarem de imediato e devidamente equipados, a fim de iniciar a inédita operação de resgate que ocorreria de forma ininterrupta, durante os 04 dias seguintes.

Por volta de 12h30, já no local do desabamento, eles e os demais guerreiros que trabalharam no resgate começavam uma corrida contra o tempo, pois havia a esperança de encontrar vítimas com vida.

Cabo BM Gusmão, que também participou do resgate relembra os primeiros momentos: “Ao chegar no local fiquei impressionado com a complexidade da situação, e de pronto fizemos o primeiro mapeamento de área com o auxílio de drone, material que foi utilizado para nortear as ações do comando da operação.”

Feito o planejamento e iniciado de fato as ações de resgaste, bombeiros, policiais militares e outros profissionais da área da segurança se empenharam no salvamento de forma nunca antes vista, proporcionalmente ao tamanho da tragédia.

À medida que as horas e os dias iam passando, o trabalho tornava-se mais pesado: “Existia uma espécie de solidariedade entre a gente, exemplo: ‘Vai ali, buscar um fardo de água pra quem tá trabalhando em cima dos escombros’, então nos revezamos. Sabíamos que pra cada um, era um momento de descanso. Ninguém falava, mas dava pra ver pelo semblante, que todos estavam muito cansados. No início, tinha mais gente e passávamos os baldes com entulho de mão em mão, mas depois essas pessoas já não estavam mais.”, relata o Sargento PM Matos.

Porém, todo o desgaste transformava-se em esperança e força, a cada possibilidade de encontrar uma vítima com vida. Nas palavras do Cabo BM Gusmão: “O tempo todo sentíamos a união, envolvimento e vontade incansável de todos de resolver a situação da ocorrência.”

“Eu me lembro que passamos a noite cavando com as mãos e quando saímos, ao ultrapassar uma fita zebrada, eu senti vários toques nas costas, do pessoal parabenizando e diante disso, o cansaço foi embora. Lembro de dois caras, que vibravam quando a gente passava para fora da área restrita. Eles queriam contribuir, infelizmente não tinham instrução para estar lá nos escombros, mas demonstravam o agradecimento através deste gesto de vibração”, relatou o Sargento PM Matos.

Os esforços sobre-humanos dos profissionais de segurança, resultaram no resgate de 7 sobreviventes. Infelizmente, outras 9 vítimas perderam suas vidas na tragédia. Neste dia, após dois anos, nós da Associação dos Profissionais da Segurança, direcionamos às famílias, novamente, nossos sentimentos e dividimos com elas a dor da perda. Aos bravos guerreiros que lutaram contra o tempo e cansaço, reiteramos aqui nosso orgulho em representá-los e a importância do reconhecimento do trabalho destes que doam diariamente suas vidas em prol dos cearenses.