Uma comitiva coordenada pelo Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) inspecionou seis unidades socioeducativas no Ceará. A visita foi destaque em matéria publicada em um jornal de grande circulação, o Diário do Nordeste. O relatório apontou superlotação, celas com ratos e baratas, falta de água e violações de direitos nas unidades.

Mas, diante de um cenário tão complexo e alarmante, é necessário ampliar o olhar: quem cuida de quem cuida?

O sistema socioeducativo vive uma crise que vai muito além dos muros das unidades. A precariedade não atinge apenas os adolescentes em cumprimento de medida, mas recai com força esmagadora sobre os agentes socioeducativos. Profissionais esquecidos, sobrecarregados com jornadas exaustivas, colocados à margem de um debate que deveria, justamente, começar por eles.

Falta efetivo. Falta capacitação. Faltam equipamentos básicos de segurança. Falta apoio psicológico. Falta segurança. Falta respaldo jurídico. O que sobra é pressão, risco, adoecimento mental e físico, e a sensação de que ninguém se importa com quem está na linha de frente.

Valorizar o agente socioeducativo é reconhecer que, sem ele, não há política pública eficaz. É entender que qualquer proposta de transformação será frágil e limitada enquanto esses profissionais forem tratados como invisíveis e não forem valorizados.

Não é favor. É dever do Estado garantir dignidade a quem sustenta, todos os dias, o que resta de um sistema que insiste em ignorar seus próprios alicerces.