Não precisamos de muito esforço para lembrar o que foi a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros do Ceará até dezembro de 2011. Por mais que queiramos apagar de nossas memórias, os anos de abandono, do mais completo descaso por parte dos nossos governantes.

Escalas abusivas, as mais degradantes condições de trabalho, nenhuma perspectiva de ascensão na carreira, tratamento humilhante por parte de superiores, sem espaço para questionamentos das praças e alimentação da pior qualidade, enfim, uma categoria tratada pior do que um bicho.
Os que chegaram à PM/BM nos últimos anos talvez não saibam o que significa a tal escala 6×1 do Ronda do Quarteirão, ou mesmo às 96h semanais dos destacamentos, a 24×48 do Corpo de Bombeiros com mais dois expedientes semanais. Mas nós não podemos deixar isso cair no esquecimento ou simplesmente passar em brancas nuvens, por quem não tem noção da dramaticidade que foi cada conquista dessas a uma categoria, antes, completamente desprovida de direitos.

Hoje, somos vistos, somos lembrados e até consultados. Nunca foi falado tanto em polícia, bombeiros, agentes penitenciários e peritos. Nunca foi dada tanta atenção à Segurança Pública, mas a que se deve essa mudança? Seria o governador, um homem diferenciado que se sensibilizou com a nossa dor? Será que ele compreende a necessidade de cuidar de quem mais trabalha para garantir a governabilidade: o agente de segurança pública?

Quando vemos o governo deixar de fora os militares frente a um aumento insignificante de 3%, ou ainda na revisão do valor do auxílio alimentação, dado a todos os demais servidores, mas negado para nossa tropa, fica difícil acreditar em santos no meio dessa história.

O fato é inquestionável. Não fosse a chegada avassaladora do Capitão Wagner à política, mostrando a força da nossa tropa e sua capacidade de liderança, bem como seu carisma para lidar com os anseios do povo cearense. Certamente ainda estaríamos amargando a triste realidade de um profissional invisível aos olhos do Poder Público.

Não esqueceremos quem nos trouxe até aqui e abriu as portas para que tantas outras lideranças surgissem, passassem a ter vez e voz, representando o grito dos “excluídos”.

Todo grande exército tem um comandante forte e competente. Hoje sabemos da nossa força e talvez nem tenhamos dimensão de tudo que somos capazes. No entanto, é preciso não esquecer daqueles que abriram nossos olhos e nos direcionaram para uma nova fase de nossa história. Foram grandes as conquistas para quem não tinha nada. Agora queremos mais e podemos conquistar, basta não esquecermos do que é necessário para atingir os nossos objetivos.

ASSOCIAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA SEGURANÇA (APS)